Quem foi Marie Curie? Conheça uma das mais brilhantes cientistas que já existiu
Colunista Gabi Barbosa abril 15, 2021Pioneirismo, poderia ser a palavra que melhor poderia descrever a trajetória de Marie Curie. Em uma sociedade sexista e extremamente opressora no século XIX, Marie foi capaz de ocupar seu lugar como uma das maiores cientistas da história.
Nascida na Polônia, em 1867, iniciou seus estudos na área da ciência muito cedo, influenciada por seu pai. Filha de dois professores, sofreu com perdas muito importantes na sua família. Sua mãe faleceu quando Marie tinha 11 anos, vítima de Tuberculose. 2 anos depois, sua irmã faleceu de uma doença chamada Tifo. Após estes acontecimentos, Marie, antes católica, se tornou agnóstica e lidava de forma cética com a religião.
Aos 15 anos, já havia terminado seus estudos na Polônia e começou a trabalhar como professora, porém, impedida de continuar seu ensino superior, já que havia uma política em que mulheres eram proibidas de ingressar nas faculdades locais.
Mas este fato nunca a impediu de seguir seus sonhos e de se tornar uma grande estudiosa. Junto com sua irmã, se envolveu na chamada Universidade Volante, que era uma faculdade clandestina onde desafiavam o governo Polonês da época e admitiam a entrada de mulheres.
Anteriormente, por envolvimento de sua família em levantes que apoiavam a independência da Polônia, Marie e sua família perderam toda a fortuna que tinham, fazendo com que ela e sua irmã levassem uma vida difícil, tendo que dividir o sonho de se tornarem estudiosas com a necessidade de trabalhar e se manter. Após uma temporada sendo professora, Marie ainda não havia conseguido permissão, nem condições financeiras para continuar seus estudos, então, combinou com sua irmã em ajudá-la financeiramente em sua formação como médica, com a condição de que receberia a mesma ajuda em troca. Com isso, Marie se tornou governanta e sua irmã se mudou para Paris, para estudar medicina.
Levou quase 2 anos para que Marie pudesse se juntar com sua irmã em Paris e continuar seus estudos. Quando assim o fez, se graduou em Física pela Universidade de Paris em 1891 e trabalhou em diversos laboratórios, norteando pesquisas que logo após vieram a se tornar marcos para a ciência.
Neste mesmo ano, conheceu Pierre Curie, na época, professor de Física e a paixão pela ciência que era algo em comum entre os dois, os uniu. Se casaram em 1894, e Maria Skłodowska (seu nome de batismo), passou a se chamar oficialmente, Marie Curie.
Com a influência e apoio de outros amigos pesquisadores, entre eles, o pesquisador Antoine Henri Becquerel, o casal Curie deu continuidade e aprofundou em estudos que foram descobertos por ele.
Em 1903, com anos de trabalho e resultado dessas pesquisas, Marie recebeu seu primeiro prêmio Nobel de Física, premiada por conta de seu trabalho de estudo sobre os efeitos da radiação. Com o auxílio de suas pesquisas, dois novos elementos químicos foram descobertos, o Polônio (nome dado em homenagem à sua terra natal) e o Rádio. Os estudos iniciados por Marie e seu marido serviram de apoio para que outros cientistas pudessem desenvolver outras pesquisas mais aprofundadas e terem resultados extraordinários.
Pierre Curie morreu em 1906, em um acidente. Após o ocorrido, Marie se tornou professora de Física na Faculdade de Ciências de Paris, a primeira mulher a ocupar este cargo. Também se tornou Diretora na Universidade de Paris, algo impensável para uma mulher naquela época.
Em 1911, Marie ganhou seu segundo prêmio Nobel, em Química, por seus estudos com o isolamento do rádio e sobre a radiação. A primeira mulher a receber 2 Prêmios Nobel e em áreas diferentes, sendo pioneira e uma das únicas pessoas no mundo a ter este feito.
Com suas descobertas em torno do rádio, Marie sugeriu o uso da radiografia para tratamento de soldados feridos na Primeira Guerra Mundial, em 1921. Em 1922, fundou o Instituto do Rádio.
Marie Curie morreu em 1934, em virtude de uma Leucemia, adquirida por todos os anos em que ficou exposta a radiação em seus estudos. 1 ano depois, em 1935, sua filha Irène Curie, foi premiada com o Prêmio Nobel de Química.
Em 1995, seus restos mortais foram levados ao Panteão de Paris, um local onde pessoas históricas e que contribuíram enormemente em diversas áreas, são enterradas como forma de homenagem. Foi a primeira mulher a ser sepultada naquele local.
O legado de Marie é transgressor e mostra o quão longe uma mulher pode chegar mesmo passando por diversas dificuldades por ser mulher.
Arte em colagem digital que homenageia Marie Curie por @mariarosa.art (direitos autorais reservados) |
REFERÊNCIAS
https://www.ebiografia.com/marie_curie/
http://www.invivo.fiocruz.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=1158&sid=7
https://www.infoescola.com/biografias/marie-curie/
https://super.abril.com.br/historia/marie-curie-a-polonesa-mais-brilhante-do-mundo/
http://www.canalciencia.ibict.br/nossas-informacoes/ciencioteca/personalidades/item/325-marie-curie
Conheça a história de Ruby Bridges, a primeira criança negra a frequentar uma escola de pessoas brancas nos EUA.
Afroempreendedorismo agosto 26, 2020
Colagem digital por @mariarosa.art |
Ruby Nell Bridges nasceu em 1954, no ano em que a lei "separados mas iguais", de segregação racial nos EUA foi revogada.
Simbólico, mas não tanto quanto as inúmeras situações que Ruby passou simplesmente por ser uma criança negra.
A mais velha em uma família de 6 irmãos, se mudou junto com sua família para a cidade de Nova Orleans, quando tinha 2 anos, em busca de melhores oportunidades de vida. Mesmo com o "teórico" fim da segregação racial nas escolas dos EUA, o estado da Louisiana se opôs ao decreto durante muito tempo e manteve suas escolas sem nenhuma participação de pessoas negras até o ano de 1959.
E provavelmente não foi por falta de tentativas. Pelo gigantesco racismo e desrespeito com pessoas negras na época, um teste havia sido criado como pré-requisito para que as crianças negras fossem testadas e caso fossem capazes de passar, o ingresso nessas escolas era permitido.
Nessa época, pessoas negras e brancas eram separadas pelo racismo e por falta de boas oportunidades na vida. As escolas para pessoas brancas ficavam em locais próximos aos centros urbanos e as escolas para pessoas negras, próximas às periferias. O ensino, por conta da precariedade e falta de investimento era inferior.
Ruby prestou o teste e foi a única entre apenas 6 crianças aprovadas que se matriculou em uma dessas escolas, a William Frantz Elementary School. Por insistência de sua mãe, que lutava para que seus filhos tivessem melhores oportunidades e uma educação que proporcionasse isso.
No dia 14 de novembro de 1960, um dia histórico, Ruby chega à escola escoltada por 4 policiais federais e uma multidão de pessoas brancas enfurecidas por ver uma criança negra ocupando um lugar majoritariamente branco. Neste dia, Ruby precisou ter força para lidar com injúrias, xingamentos e uma enorme rebelião de pais, professores e adolescentes que estudavam na escola.
A fotografia feita por Norman Rockwell, é uma das fotos mais icônicas da história. Os policiais em depoimento disseram que mesmo com tudo que aconteceu, Ruby nunca chorou e nunca reclamou das coisas que aconteciam com ela. Sempre se portou de cabeça erguida diante da rebelião que se formava diariamente na porta da escola. Os policiais a escoltaram diariamente durante o ano letivo.
A maioria dos alunos foi retirada da escola pelos pais e a maior parte dos professores se recusou a educar Ruby, que neste ano, teve uma única professora, chamada Barbara Henry, na qual Ruby ainda guarda muito carinho, pois disse que a professora foi a pessoa que mesmo semelhante a todas as outras que a xingavam, por ser branca, a ensinou com o coração e assim ela aprendeu que ninguém deve ser julgado pela cor da pele.
No ano letivo, a professora Henry lecionou para Ruby e apenas mais 4 alunos brancos, os quais seus pais optaram pela permanência na escola.
A família de Ruby sofreu diversas retaliações por conta da decisão de enviá-la a uma escola de brancos. Seu pai, Abon Bridges, foi demitido do posto de combustíveis em que trabalhava, a família foi proibida de frequentar o supermercado onde normalmente compravam; seus avós tiveram que se mudar de onde moravam e após todos esses acontecimentos, os pais de Ruby se separaram.
Ruby Bridges ao lado da obra de uma das obras mais importantes e icônicas da Coleção do Museu Norman Rockwell. |
Já crescida, Ruby se formou em uma escola mista, trabalhou por 15 anos como agente de viagens e em 1999 criou a Fundação Ruby Brigdes contra o racismo e em prol da aceitação das diferenças. Em 1998, sua vida virou filme, hoje, disponível na Netflix, chamado "Ruby Bridges" que conta toda a sua história e escreveu um livro, chamado "Through My Eyes" (Através Dos Meus Olhos), em que conta de acordo com seu ponto de vista, tudo que ocorreu naquele ano. Por suas contribuições históricas, em 2001, recebeu das mãos de Bill Clinton, presidente dos EUA na época, a medalha de honra destinada a cidadãos memoráveis.
As contribuições históricas de Ruby Bridges em favor das pessoas negras e contra o racismo jamais serão esquecidas.
REFERÊNCIAS:
https://web.archive.org/web/20120511010423/http://rubybridges.com:80/story.htm
https://www.ebiografia.com/ruby_bridges/
https://www.womenshistory.org/education-resources/biographies/ruby-bridges
https://www.geledes.org.br/a-pequena-ruby-bridges-e-a-historia-do-racismo-nos-eua/